Pode ficar tranquilo: "Rogue One" é tudo isso mesmo (sem spoilers)
Alexandre Matias
13/12/2016 15h00
A primeira coisa que você deve saber sobre Rogue One, o primeiro filme da Lucasfilm fora das três trilogias que contam a saga da família Skywalker, é que você deve se proteger ao máximo para não saber nada. Blinde-se de quaisquer dicas sobre a história do filme que estreia nesta quinta, dia 15. Qualquer pequena informação sobre o filme pode estragar boas surpresas em relação a este novo rumo que a franquia criada por George Lucas parece tomar. Não que o filme seja repleto de revelações e reviravoltas, mas mantenha-se alheio a tudo que possa estragar sua surpresa em relação a Rogue One.
A segunda coisa que você precisa saber sobre este filme é que ele é tudo isso mesmo. Ele mantém-se tão fiel à mitologia clássica quanto o Episódio VII lançado no ano passado, mas muda completamente de rumo pois não tem a carga de expectativa que o filme dirigido por JJ Abrams carregava. Assim, mantém-se fiel ao tom e à paisagem imaginada naqueles três primeiros filmes sem precisar ater-se tanto a qualquer história que já conhecemos. Se muitos reclamavam que O Despertar da Força era uma mera atualização do roteiro do Episódio IV, Rogue One não se prende a nenhum fio narrativo que já conhecemos para impor sua força.
Mas está tudo lá: o Império cada vez mais implacável e a Aliança Rebelde tomando forma. Novas naves, novas espécies, novas armas e novos personagens encontram-se com velhos conhecidos (alguns inesperados – tem gente até da trilogia prequel), fazendo que a história do bando de mercenários que tem como missão sequestrar informações sobre uma novíssima arma do Império tenha todo o DNA da saga original de George Lucas.
O time principal de personagens – e seus atores – é formidável. A Jyn Erso de Felicity Jones já é uma das grandes heroínas dos filmes de ficção científica, ao lado de outras protagonistas geniais da saga, como a Princesa Leia e da novata Rey. Ela destaca-se frente a um exército de Brancaleone improvável e divertidaço, que conta com mudanças bruscas de humor – da infâmia à raiva – de fora que o filme nunca perde sua tensão básica, que mantém-se literalmente até a impressionante última cena.
É um filme de guerra, com cenas de batalhas espetaculares, mas também um filme sobre um universo em expansão: na primeira meia hora somos apresentados a paisagens e planetas novíssimos, que em breve serão habitados em filmes futuros. Mas também há doses pesadas de emoção – dá pra segurar o choro em pelo menos duas cenas – e a palavra de ordem é esperança. Esperança não apenas para o futuro da história nos filmes (afinal, ele antecede a primeira trilogia, iniciada em 1977), mas também para o rumo que a Lucasfilm está levando sua série. E prepare-se para a terceira parte do filme, que ela é de tirar o fôlego – em vários momentos.
Escrevo sob o efeito da felicidade surpreendente provocada pelo filme à primeira vista (algo parecido, embora mais adulto, com a vibração alto astral do seriado Stranger Things), mas dá pra cravar que Rogue One é um dos melhores filmes da franquia, melhor que o filme do ano passado, que o Episódio IV e, talvez (preciso assistir mais uma vez), que O Império Contra-Ataca. Preciso ver de novo, mas se há falhas neste filme, não consegui pegar nesta primeira vez. Até o final da semana comento melhor o filme – aí sim com spoilers – e cravo se Rogue One é ou não o melhor filme da série até agora.
Sobre o Autor
Alexandre Matias cobre cultura, comportamento e tecnologia há mais de duas décadas e sua produção está centralizada no site Trabalho Sujo (www.trabalhosujo.com.br), desde 1995 (@trabalhosujo nas rede sociais). É curador de música do Centro Cultural São Paulo e do Centro da Terra, do ciclo de debates Spotify Talks, colunista da revista Caros Amigos, e produtor da festa Noites Trabalho Sujo.
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