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E se o nome escondido no cartaz do Lollapalooza 2017 for... o Daft Punk?

Alexandre Matias

01/10/2016 11h11

Foi só sair a escalação do Lollapalooza do ano que vem no meio desta semana para ouvir o misto de suspiro de alívio com grunhido de raiva da enorme multidão através das redes sociais, que contrastava-se com alguns milhares de fãs de algumas das principais atrações comemorando a vinda de seus ídolos e de outros tantos que gostam mais da atmosfera do festival do que das atrações em si.

Esse enorme suspiro-grunhido coletivo desdobrava-se em diferentes reclamações, que iam dos preços à ausência de nomes importantes, da repetição de bandas manjadas, do lugar coadjuvante de artistas brasileiros e do local realizado. E, logo em seguida, vinha a materialização desta reclamação coletiva na forma de piada, como aquele manjado meme que substitui o nome das bandas por exclamações do público em relação a cada um dos anúncios.

E, realmente, um festival deste porte cujas principais atrações são ícones velhos e que não lançam discos importantes há anos (em alguns casos, décadas). Metallica, Strokes e The Xx caminham para se tornar o que se tornou o Duran Duran, talvez o nome mais interessante da escalação de fato, por ser uma banda fora do radar de obviedades cuja carga de hits valeria esticar de um palco para o outro. Mas ele está ali na terceira linha da escalação e se, daqui a dez anos, o Metallica, os Strokes ou o Xx estiverem em um festival neste mesmo nível de importância, tudo bem dar uma olhada. Mas muita gente reclamaria caso o Duran Duran fosse o principal nome deste festival, como reclamou dos três principais nomes do elenco. Só o canadense Weeknd foge da nostalgia e chega ao país na turnê de lançamento de seu novo disco, Starboy, que vem sendo aguardado como o grande lançamento de sua curta carreira. Mas é um artista cujo apelo popular não é tão forte quanto o dos outros três – pelo menos por enquanto, mesmo com o hit "Can't Feel My Face", uma das grandes faixas do ano passado.

Falta ao lineup do Lollapalooza 2017 um nome de peso, um nome que seja tão unânime quanto os nomes da primeira linha mas que ainda esteja lançando discos e músicas relevantes para esta década. Nomes de artistas que eu nem acho tão interessantes, mas que são claros headliners de um festival deste porte, como Kanye West, Adele, Lady Gaga, Bruno Mars ou Muse. Ou nomes que estejam mais alinhados com meu próprio gosto musical e que tenham este mesmo peso popular: Beyoncé, Radiohead, Arctic Monkeys, Taylor Swift, LCD Soundsystem ou Lana Del Rey. Enfim – não faltam opções.

Até que nota-se um certo nome ali no meio, tapado, com anúncio marcado para daqui a duas semanas. Pela posição no cartaz não parece ser alguém de peso. E pelas pontas de letras que aparecem, parece que ali tem um V e depois um E… e é um nome curto. Tem gente vendo até W pra ver se encaixa o Weezer.

Mas acho que não são essas letras as do nome escondido. Como pode ser que ele não seja tão terceira linha assim.

No canal rede Reddit dedicado à dupla francesa Daft Punk já há uma especulação constante sobre a volta do grupo aos palcos. Desde o lançamento de seu excelente Random Access Memories de 2013 o grupo não sai em turnê e sua única aparição ao vivo foi ao lado de ninguém menos que Stevie Wonder no Grammy do ano seguinte, defendendo seu hit "Get Lucky" ao lado dos comparsas Pharrell e Nile Rodgers.

Acontece que apareceu o nome da dupla exposto no site do Lollapalooza norte-americano. O nome desapareceu logo em seguida, mas conseguiram tirar um print da tela, comprovando a mudança no site.

Outra imagem que surgiu no Twitter no fim do mês passado mostrava o nome da dupla num pôster impresso da edição chilena do festival, que tem dois nomes encobertos (o segundo seria o Jane's Addiction, banda do criador do Lolla, Perry Farrell):

Mas será que o Daft Punk entra em turnê no ano que vem?

Porque faz sentido. Por mais que suas duas únicas turnês mundiais tenham começado em anos que terminam em 6, seus registros – os discos Alive 1997 e Alive 2007 – foram publicados em anos que terminam com 7 (mesmo porque as turnês entraram ano sete adentro). Assim, eles consagrariam um padrão de lançar discos ao vivo a cada dez anos, lançando turnês pouco antes deste lançamento. Some a isso o rumor de que a dupla (além de Lady Gaga, Radiohead, Kraftwerk e Stone Roses) está sendo cotada para tocar no festival inglês de Glastonbury do ano que vem ao desequilíbrio que o Daft Punk daria ao atual elenco do Lollapalooza e cruzem os dedos. E não custa lembrar que o hit que o Weeknd acaba de lançar – "Starboy", que batiza seu novo disco, ainda não lançado – foi composto ao lado da dupla francesa…

Só nos resta torcer.

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Sobre o Autor

Alexandre Matias cobre cultura, comportamento e tecnologia há mais de duas décadas e sua produção está centralizada no site Trabalho Sujo (www.trabalhosujo.com.br), desde 1995 (@trabalhosujo nas rede sociais). É curador de música do Centro Cultural São Paulo e do Centro da Terra, do ciclo de debates Spotify Talks, colunista da revista Caros Amigos, e produtor da festa Noites Trabalho Sujo.

Sobre o Blog

A cultura do século 21 é muito mais ampla que a cultura pop, a vida digital ou o mercado de massas. Inclui comportamento, hypes, ciência, nostalgia e tecnologia traduzidos diariamente em livros, discos, sites, revistas, blogs, HQs, séries, filmes e programas de TV. Um lugar para discussões aprofundadas, paralelos entre diferentes áreas e velhos assuntos à tona, tudo ao mesmo tempo.

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