Spielberg vai transformar o "Napoleão" de Kubrick em série de TV
Lá vem Spielberg de novo. Depois de transformar o pesado A.I. – Inteligência Artificial, idealizado por Stanley Kubrick antes de sua morte, em um conto de fadas scifi, ele mais uma vez envolve-se com um projeto não-realizado por seu maior ídolo. Desta vez foi a HBO quem o chamou para produzir uma minissérie para a TV contando a história do grande filme que Kubrick não realizou, aquele que por muitas vezes considerava sua obra-prima: a adaptação da biografia de Napoleão para o cinema.
Considerado por muitos o grande cienasta do século passado, o inglês Stanley Kubrick (1928-1999) é tão famoso por suas obras impecáveis (clássicos do cinema como 2001 – Uma Odisseia no Espaço, Laranja Mecânica, O Iluminado, Glória Feita de Sangue, Lolita, Nascido para Matar) quanto pelos projetos que não conseguiu realizar. Perfeccionista e megalomaníaco, Kubrick cogitou filmes sobre inteligência artificial (A.I.), sobre o holocausto (Aryan Papers) e sobre uma ameaça alienígena (Shadow in the Sun), mas a minúcia e outros projetos fizeram que ele largasse alguns projetos pelo caminho. Mas nenhum deles foi mais estudado – mais do que muitos de seus filmes que foram realizados – do que o épico Napoleon, em que Kubrick iria contar a história sobre como Napoleão Bonaparte quase conquistou toda a Europa entre o fim do século 18 e o início do século 19.
Kubrick começou a se interessar pelo tema logo que parou de gravar 2001, em 1968, e em pouco tempo ficou obcecado pela biografia do imperador francês. Em pouco tempo teria a maior biblioteca particular do mundo dedicada ao personagem histórico, além de uma coleção de 17 mil itens relacionados à biografia de Bonaparte. Meticuloso, traçou uma enorme genealogia com todos os personagens que cercavam o francês, criando fichas inteiras com suas biografias, anotando linhas do tempo para não perder o fio da meada da construção daquela história. A febre napoleônica de Kubrick chegou a escalar um elenco com mais de trinta grandes atores, muitos dos quais correspondentesdo diretor em longas trocas de cartas sobre o filme e aquele momento histórico. Havia até mesmo cenas de batalhas que contemplavam a contratação de 30 mil figurantes, para que a guerra se tornasse realista. Estudos envolvendo figurino e fotografia (como filmagens utilizando apenas luzes de velas) foram testados em Barry Lyndon, que o cineasta produziu em 1975, quando Napoleon já parecia estar saindo de suas mãos.
O filme não realizado é responsável por aumentar ainda mais a reputação de Kubrick, autor, portanto, do maior filme jamais feito. Napoleon rendeu um livro gigantesco de 1000 páginas produzido pela editora Taschen a partir das inúmeras fichas, anotações e caixas de itens guardados por Kubrick e tornados públicos após sua morte e uma das estantes de livros sobre o personagem francês era uma das atrações em sua já clássica grande exposição póstuma.
O projeto da HBO baseia-se nas extensas anotações de Kubrick terá direção de Cary Fukunaga, responsável por dirigir elogiada primeira temporada de True Detective, e terá o roteiro assinado por David Leland, da série The Borgias. Spielberg entra como produtor executivo, depois de ter anunciado, há três anos, interesse em retomar este projeto de seu mestre. A família de Kubrick – incluindo sua irmã Christine e Jan Harlan, que produziu a maioria de seus filmes – deu carta branca à emissora norte-americana para pesquisar no arquivo do diretor.
Tenho vários pés atrás com essa adaptação. Não sei se é uma boa ideia. Acho que uma série sobre a obsessão de Kubrick no tema seria bem mais interessante. Tomara que eu esteja errado, mas…
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