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Dissecando o trailer internacional de "Guerra nas Estrelas"

Alexandre Matias

07/11/2015 14h44

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A sexta-feira foi mais um dia de comoção para os fãs de Guerra nas Estrelas, quando apareceu online a versão para o mercado internacional para o trailer definitivo do Episódio VII. Foi mais uma jogada de marketing brilhante da parceria Disney / J.J. Abrams, que pareciam ter encerrado as expectativas sobre novas cenas ou pistas sobre o roteiro do novo filme até seu lançamento, no fim de dezembro. Mas em tempos em que até um comercial de pilha pode causar furor entre os fãs, novamente fomos pegos com a guarda baixa ao saber que o trailer que estrearia no mercado internacional não era o mesmo que mostraram para o mercado norte-americano há menos de um mês. E tome cenas que nunca vimos antes e que aos poucos vão preenchendo as lacunas do pouco que sabemos. Vamos assistir mais uma vez:

Mas em vez de dissecar o novo trailer (que mais uma vez não traz Luke Skywalker) em busca de pistas para a história do novo filme, resolvi analisá-lo apenas para realçar o que pode ter passado muito rápido e você não percebeu – e como J.J. Abrams está preparando nossa expectativa em relação ao filme que irá mostrar:

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Há um reforço sobre estarmos assistindo mais uma vez a mesma história que do Episódio I e IV: um planeta ermo, desértico e um personagem que não faz ideia que fará parte de uma saga ainda maior. Nem precisamos de ver uma segunda lua para traçar as semelhanças entre os planetas Jakku e Tatooine.

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Rey – a personagem vivida por Daisy Ridley – encontra o simpático robô BB8 no deserto de Jakku. Uma das primeiras cenas do novo trailer mostra os dois personagens se conhecendo (como Luke e R2D2 no Episódio IV) e a partir de uma das fotos de divulgação que circularam anteriormente, dá para ver que o robô foi resgatado por Rey de virar sucata. Uma mancha escura na areia do deserto pode tranquilamente ser a tela em que ele havia sido capturado. É a primeira vez que Rey menciona sua família – mas será que ela é uuma Skywalker?

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BB8 parece apontar para Rey e seu recém conhecido amigo Finn (John Boyega) o rumo a ser seguido, como se soubesse de algo que os dois não sabem:

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A cena em que Finn e Rey se conhecem (na Millenium Falcon?) e se apresentam tem cara de ser um marco importante no filme (mesmo porque parece ser a mesma cena em que Han Solo lhes fala sobre o passado):

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A chegada dos caças TIE àquele planeta é uma clara referência que J.J. faz aos helicópteros no por do sol do Vietnã de Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola:

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Mas aquilo lá atrás… é um sol? Uma lua? Ou… a nova Estrela da Morte?

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A chegada dos soldados da Primeira Ordem remetem inevitavelmente ao exército da Alemanha nazista, na Segunda Guerra Mundial.

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Já o sabre de Kylo Ren é uma arma muito medieval…

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…bem como seu exército de mercenários, que lembram nossa referência visual dos cavaleiros templários. É como se o trailer quisesse deixar bem claro: a Primeira Ordem é uma coisa, os soldados de Kylo são outra.

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Dois flashes rápidos (também na nave de Han Solo?) mostram C3PO pela primeira vez em versão oficial (incluindo seu braço vermelho) e uma breve aparição de Leia.

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Mais uma cena em que o robôzinho BB8 parece ter um papel importante.

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Na entrada do que parece ser o castelo da pirata Maz Kanata, vemos o símbolo dos Mandalorian, logo acima, no centro da tela – ou será que chegamos ao planeta de Bobba Fett?

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O caçador de recompensas Boba Fett, da trilogia clássica, era um mandalorian:

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Close nos dedos do Chewbacca!

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E a imagem mais emblemática do trailer: Kylo Ren quase decepando a cabeça de Rey.

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Mas ainda vemos brevemente o robô BB8 na nave junto com Poe Dameron (Oscar Isaac) – ele caiu em Tatooine ou isso acontece mais para o final do filme?

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E há a ênfase à cena do choro de Rey, mostrando que um personagem importante morre logo no primeiro episódio da nova trilogia. Mas a tensão da cena é cortada por uma voz que diz: "A esperança não foi perdida hoje. Foi encontrada." É um dos primeiros ares em relação a possíveis enredos cogitados pelos fãs.

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E aí vem o logo final da série com o nome do novo filme escrito em japonês – um tapa com luva de pelica na cara dos preconceituosos que talvez possam achar que Guerra nas Estrelas é uma propriedade apenas norte-americana ou ocidental.

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Nada de Luke nem de Maz Katana e as teorias sobre alguns desdobramentos da história não foram nem reforçadas nem desmentidas após este novo trailer. Você jpa deve ter lido ou ouvido falar que Luke seria Kylo Ren ou que Kylo Ren e Rey seriam gêmeos filhos de Leia e Han Solo ou que Han Solo morre ou que Finn ou Rey são treinados por Solo para serem um novo Jedi ou que Luke apareceria como o treinador do novo Jedi ou que Kylo Ren vai clonar – ou assumir o papel de – Darth Vader.

Tudo isso é mera especulação a partir de uma constatação cada vez mais clara: J.J. Abrams sabe onde está pisando. Ele refere-se à saga com respeito e cerimônia, mas ao mesmo tempo injeta energia nova sem que ela traia a essência da história que George Lucas inaugurou no final dos anos 70. Mesmo conhecendo os novos personagens em poucas cenas e há menos de um ano, já estamos familiarizados com Rey, Finn, Kylo Ren, BB8 e outros nomes que até o começo de 2016 entrarão de vez para o folclore mundial.

O novo trailer apenas reforça os valores clássicos da saga e personagens carismáticos o suficiente para cogitarmos que entrem em uma elite fictícia. Vamos saber da história completa antes da última semana deste ano – e a correria para comprar ingressos obviamente diz respeito a essa ansiedade. Mas ela também se justifica para que possamos nos prevenir dos spoilers. Porque depois do dia 18 de dezembro vai ser difícil ficar imune a eles…

Sobre o Autor

Alexandre Matias cobre cultura, comportamento e tecnologia há mais de duas décadas e sua produção está centralizada no site Trabalho Sujo (www.trabalhosujo.com.br), desde 1995 (@trabalhosujo nas rede sociais). É curador de música do Centro Cultural São Paulo e do Centro da Terra, do ciclo de debates Spotify Talks, colunista da revista Caros Amigos, e produtor da festa Noites Trabalho Sujo.

Sobre o Blog

A cultura do século 21 é muito mais ampla que a cultura pop, a vida digital ou o mercado de massas. Inclui comportamento, hypes, ciência, nostalgia e tecnologia traduzidos diariamente em livros, discos, sites, revistas, blogs, HQs, séries, filmes e programas de TV. Um lugar para discussões aprofundadas, paralelos entre diferentes áreas e velhos assuntos à tona, tudo ao mesmo tempo.

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