O futuro da HBO depois de "Game of Thrones" não parece promissor
Fãs de Game of Thrones acordaram esta segunda-feira com um sorriso espalhado no rosto, graças ao último episódio da atual temporada que em pouco mais de uma hora conseguiu superar a carnificina do episódio anterior, que já vinha sendo aclamado como um dos melhores da série. Mas se os fãs da saga de George R.R. Martin tem motivos de sobra para comemorar, o mesmo não pode ser dito sobre sua emissora, a HBO.
A emissora de TV a cabo norte-americana foi praticamente a força-motriz por trás da chamada nova era de ouro da televisão. Seu rol de obras-primas inclui algumns dos melhores seriados de todos os tempos, todos eles produzidos da virada do século pra cá – Oz, Sopranos, The Wire, Curb Your Enthusiasm, Six Feet Under, Sex & the City, True Blood, Entourage, Girls, Roma, Extras, Big Love, Deadwood e In Treatment formam uma coleção de grifes ficcionais de encher os olhos de qualquer um que goste de uma boa história.
Mas, de uns anos pra cá, a emissora começou a perder a mão de suas produções. Séries como Boardwalk Empire, Newsroom e The Brink apostavam mais em recriações de ambientes e épocas e ter alguém de Hollywood no elenco do que em contar boas histórias e embora as três, que em momentos diferentes foram consideradas grandes apostas da emissora, tivessem grandes momentos, não emplacaram com as séries da década passada. Tais produções pareciam ser uma reação a dois movimentos que começaram a acontecer nos últimos dez anos.
O primeiro deles foi a reação de outros canais de TV a cabo, que passaram a apostar em séries mais sérias: a AMC veio com Breaking Bad, Mad Men e Walking Dead, o Showtime veio com Dexter, Homeland e Penny Dreadful, o USA com Mr. Robot, Suits e White Collar, entre outras. Emissoras sem tradição em produções autorais conseguiram entrar firme nesse novo jogo, abrindo espaço até para o mercado inglês competir com o norte-americano com séries como Sherlock, Orphan Black, Downton Abbey, entre outras.
O segundo foi a criação dos serviços de vídeo sob demanda, particularmente o Netflix que, quando começou a produzir suas próprias séries, avisou, através de seu principal executivo de conteúdo em entrevista à revista norte-americana GQ em 2013, Ted Sarandos, que seu objetivo era se transformar na HBO antes que a HBO se transformasse em um Netflix. Não conseguiu ainda, mas séries como Orange is the New Black, House of Cards, Narcos, Sense8 e Marco Polo (além de séries ressuscitadas como Fuller House, Arrested Development e The Killing e da parceria com a Marvel, que já rendeu duas temporadas de Demolidor e uma de Jessica Jones) mostram que eles estão firmes nesse rumo. Não só eles: a Amazon lançou seu serviço do tipo e vem fazendo bonito em séries como Transparent, Man in the High Castle e Mozart in the Jungle.
O que nos traz de volta à HBO. Após o cancelamento de Vinyl, a emissora ficou com o final de Game of Thrones, uma Leftovers que ainda patina para ficar de pé e True Detective, que começou promissora e teve uma segunda temporada desastrosa. O canal que já foi lar das melhores séries da história da TV hoje se mantém graças a comédias: Girls segue firme e forte, sua Veep é um retrato sobre a política muito mais crível (por ser escrachado) que House of Cards, Sillicon Valley ainda não é o Entourage da tecnologia mas melhora a cada temporada e Curb Your Enthusiasm, do produtor de Seinfeld Larry David, está voltando à programação.
Mas o futuro das séries da emissora não é tão estimulante quanto seu passado recente. Westworld, baseada no filme de mesmo nome de Michael Crichton e produzida por J.J. Abrams, devia ter estreado no ano passado, já foi adiada duas vezes e agora parece que estreia mesmo em outubro deste ano. Divorce, a nova série de Sarah Jessica Parker, também está para ser anunciada e pode funcionar como uma espécie de continuação de Sex & the City e Sharp Objects, baseada no livro de mesmo nome, ainda está em pré-produção.
A emissora parece apostar em minisséries que funcionam em uma única temporada, como a excelente Show Me a Hero, de David Simon, no ano passado – nesta lista estão títulos como Lewis and Clarke (que conta a história da primeira expedição rumo à costa oeste dos EUA, seguindo uma linha de séries de época aberta pela bem sucedida John Adams), Big Little Lies (baseada no livro de mesmo nome), The Young Pope (do diretor italiano Paul Sorrentino, sobre o papa Pio fictício Pio XIII, vivido por Jude Law) e a adaptação do grande filme nunca feito por Stanley Kubrick, Napoleão, nas mãos de Cary Fukunaga, de True Dectective. Títulos que parecem promissores, mas não são seriados que podem ser acompanhados anos a fio.
Duas séries, no entanto, surgem como boas novidades no horizonte da emissora. The Deuce, escrita e produzida pelo mesmo David Simon de Show Me a Hero e da incrível The Wire, pode consertar os absurdos de Vinyl ao contar a história dos anos 70 em Nova York do ponto de vista da indústria pornográfica, traçando um panorama que começa com a aceitação popular dos filmes de sexo explícito até o período em que a Aids começa a surgir como ameaça. Outra, ainda no limbo esperando carta branca, está a adaptação de Watchmen como série de TV, que estaria nas mãos do mesmo Zack Snyder que dirigiu a adaptação dos quadrinhos de Alan Moore e Dave Gibbons para o cinema.
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