Scorsese saúda brasileiro que fez montagem de sua obra com a de Kubrick
Num dia de 2010, o carioca Leandro Copperfield, estava entediado e resolveu brincar com um software de edição de vídeo. Fanático por cinema, ele resolveu misturar as obras de dois de seus diretores favoritos numa montagem épica que contrastava cenas de alguns dos filmes mais importantes da sétima arte. Entrelaçando filmes de Martin Scorsese e Stanley Kubrick, ele emparelhou os dois grandes num vídeo épico que aos poucos começou a se popularizar na internet.
"Eu fiz o vídeo porque eu realmente estava sem o que fazer", me explica Leandro por email. "Fiz para mim mesmo, eu queria vê-lo mais do que ninguém, principalmente para me lembrar o quanto eu gosto de cinema. O que mais fiz na vida foi assistir, ler e pesquisar sobre filmes. Grande parte das minhas lembranças favoritas têm sido de filmes."
Leandro é apenas um fã e não trabalha com audiovisual: "Nunca trabalhei com nada relacionado a cinema ou audiovisual, sou recém-formado em Direito. Lógico que eu adoraria de trabalhar com cinema, mas nunca tive chance. Até porque não tenho e nem nunca tive contato com ninguém da área, não tenho experiência e nem dinheiro. Mas eu tinha um PC bem ruim e um software de edição. Então, ainda que seja só por tédio e diversão, porque não fazer uma montagem com os melhores filmes já feitos?"
Não foi a única aventura de Leandro pelo mundo do cinema. Ele também colidiu os trabalhos de Quentin Tarantino e dos irmãos Coen em outro vídeo (veja aqui) e misturou a atmosfera de diferentes filmes de Paul Thomas Anderson em outro (veja aqui), além de outros experimentos em seu próprio canal.
Mas a mensagem de Scorsese foi algo completamente inesperado para o jovem cinéfilo de 26 anos que mora em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. "Eu ainda não digeri a mensagem dele", explica, antes de celebrar o diretor. "Com o vídeo ou sem vídeo, para mim ele sempre foi o maior inspirador do cinema. Tudo que conheço sobre filmes e montagem foi graças a ele, graças aos seus filmes e aos inúmeros materiais de extras que ele gravou para eles, os áudios-comentários, documentários, depoimentos e tudo mais. Ele é uma pessoa que gosta de compartilhar o conhecimento. Ele se preocupa com o passado e o futuro, investe na preservação e restauração de filmes. Marty não faz parte do cinema. Ele é o cinema."
Essa devoção, no entanto, não permite que ele possa escolher uma determinada cena ou filme de seu ídolo. "São tantas delas que realmente não consigo escolher uma", conta. "Mas posso te falar uma das coisas que mais me atraem em grande parte das cenas dos seus filmes, que é a forma como e a sua montadora de longa data, Thelma Schoonmaker, se divertem com a montagem. Muita gente diz que um filme bem montado você não deve ser capaz de perceber a montagem, que ela tem que ser invisível. Só que Scorsese e Thelma não dão a mínima para isso! Eles querem que você perceba, eles gostam de bater na cara do espectador, mesmo que em certa cena aconteça algum erro de continuidade, eles não estão nem aí. Então, uma das maiores coisas que eu aprendi com eles foi isso: A montagem nem sempre tem que ser invisível, você tem é que se divertir com ela. Seja usando jumps cuts, eyeline match, sound bridging, etc…"
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