Rock in Rio quer ser uma experiência como a da Disney
Em entrevista ao UOL, a vice-presidente do festival Roberta Medina deixa escapar que "isso aqui não tem nada a ver com música, é um evento de relacionamento"
O último dia da primeira edição norte-americana do Rock in Rio consagrou o festival brasileiro como único evento deste porte nos Estados Unidos a mirar no mainstream – afinal todos os outros festivais norte-americanos desta escala, como o californiano Coachella e o itinerante Lollapalooza, miram em artistas indies e ocasionalmente chamam atrações que ainda tocam no rádio.
A ousadia da franquia brasileira pode estar plantando uma semente de algo de vulto muito maior que pode tornar o Rock in Rio Las Vegas – que já tem duas edições agendadas para anos futuros (2017 e 2019) – um dos grandes players do entretenimento norte-americano. Isso sim é tirar onda.
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O evento aconteceu numa área que pode receber até 80 mil pessoas, mas a primeira edição do festival atingiu apenas a metade disso em cada uma de suas quatro noites. O que não é pouco: foram mais de 172 mil pessoas que passaram pela versão norte-americana da Cidade do Rock. Mas ainda é só o começo do trabalho, uma força modesta comparada à meta do evento.
"Nosso objetivo é ser sold out em todos os dias e aumentar a quantidade de dias e de atrações, como no Brasil", explicou a vice-presidente do Rock in Rio Roberta Medina em entrevista exclusiva ao UOL. Ela conta que as dificuldades de realizar o evento nos EUA falavam muito mais em relação à incredulidade dos norte-americanos com o que estava sendo apresentado e pelo fato de não haver um canal de comunicação que atinja todo o território do país.
"A mídia é local, não é sequer regional. Nosso mercado prioritário é a Califórnia, mas não há como falar com toda a Califórnia ao mesmo tempo, você tem que falar com San Diego, Los Angeles… e é muito caro', explica a produtora, comparando com as versões brasileira, espanhola e portuguesa do festival, em que basta fechar com um canal de televisão para atingir todo o público de um destes países.
Ela reforça a natureza do evento: "Isso aqui não tem nada a ver com música, é um evento de relacionamento", mas logo percebe o ato falho e corrige-se, "quer dizer, tem, claro, a ver com música porque a música tem essa capacidade de unir. Eu comparo, com um pouco de licença poética, a experiência do Rock in Rio com a da Disney. As pessoas fazem cada papelão na Disney: põem peruca, saem fantasiado, dão cambalhota, dançam no meio da rua… Quando é que elas fazem isso no dia a dia delas?"
"Minha crença é essa: ambientes assim permitem que as pessoas entrem em contato consigo mesmas", continua a executiva. "O ser humano quer fazer bobagem sim, quer pagar mico sim. Qual é o problema? Essa é a nossa essência: querer ser feliz, não querer brigar com os outros, estar em grupo, se relacionar… Ainda não mais no mundo em que a gente está enfiado hoje em dia", abana o celular, referindo-se à internet. Ela aproveita para criticar, pessoalmente, a forma como as pessoas assistem a shows mirando o celular para o palco, vendo o artista através da tela do aparelho, mas confessa que isso é uma opinião pessoal, reconhecendo que, mesmo que alguém queira mais mostrar que está no show do que simplesmente estar no show, isso também é uma forma de entretenimetno.
E o Rock in Rio é muito mais entretenimento do que arte. Não que isso precisasse ser explicado: afinal, estamos em Las Vegas…
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