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"Live at the Hollywood Bowl" volta à discografia dos Beatles em nova versão

Alexandre Matias

20/07/2016 18h11

A nova capa de

A nova capa de "Live at the Hollywood Bowl"

De carona no documentário Eight Days a Week, em que Ron Howard revisita as apresentações ao vivo dos Beatles, o grupo inglês aproveita para reeditar um disco que foi apagado de sua discografia oficial basicamente por ter sido lançado após seu fim, em 1970. A partir de setembro, o disco Live at the Hollywood Bowl volta às lojas de disco e ao catálogo da banda, em edição com nova capa e mais quatro faixas inéditas.

A arqueologia ao redor dos Beatles começou logo após o fim do grupo e entre os diversos produtos lançados na década seguinte à sua existência estava este disco ao vivo que reunia treze canções retiradas das três apresentações que o grupo fez no lendário palco norte-americano em Los Angeles, nos dias 23 de agosto de 1964 e 29 e 30 de agosto do ano seguinte. Era o único registro oficial do grupo ao vivo até ser apagado do passado quando o grupo chancelou a discografia inglesa, lançada entre 1963 e 1970, como sendo seu catálogo oficial, ao lançá-la em CD pela primeira vez, no fim dos anos 80. Depois disso vieram outros discos ao vivo – como os registros na série Anthology e os dois volumes de Live at the BBC -, mas nada dos ensurdecedores shows que o grupo fez no auge da beatlemania.

A capa original do disco de 1977

A capa original do disco de 1977

O próprio Live at the Hollywood Bowl original era uma prova de como conseguir aquele registro era difícil. "O caos, ou devo dizer quase pânico, que reinava nestas apresentações era inacreditável se você não estivesse lá. Só dava para gravar três canais; os Beatles não tinham amplificadores de retorno, então eles não conseguiam ouvir o que cantavam e a sirene eterna de 17 mil pulmões jovens e saudáveis tornava até mesmo um avião inaudível", escreveu o produtor dos Beatles, George Martin, no encarte do disco original. "O que me impressionava era a atmosfera elétrica e a energia crua que estava lá." O crítico norte-americano Rob Sheffield escreveu no The Rolling Stone Album que o disco era um "tributo amável às fãs que berravam e iam aos shows da banda em 1964 e 1965. Essas garotas eram heróis no front do rock & roll e elas merecem ser o instrumento principal em seu próprio disco dos Beatles."

A nova edição contará com uma versão remasterizada a partir das fitas da mesa de som e conta com quatro faixas que não estavam na versão anterior: "You Can't Do That" e "I Want To Hold Your Hand", ambas gravadas em 1964, e "Everybody's Trying To Be My Baby" e "Baby's In Black", estas do último show da banda no palco de Los Angeles. O novo disco também contará com um encarte de 24 páginas escrito pelo crítico David Fricke.

E vamos torcer para que comecem a abrir o baú dos shows dos Beatles – especialmente aqueles gravados antes da fama do grupo, entre Hamburgo e Liverpool, que muitos julgam ser o auge dos quatro num palco.

Sobre o Autor

Alexandre Matias cobre cultura, comportamento e tecnologia há mais de duas décadas e sua produção está centralizada no site Trabalho Sujo (www.trabalhosujo.com.br), desde 1995 (@trabalhosujo nas rede sociais). É curador de música do Centro Cultural São Paulo e do Centro da Terra, do ciclo de debates Spotify Talks, colunista da revista Caros Amigos, e produtor da festa Noites Trabalho Sujo.

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