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Será que 1974 foi o melhor ano da história do cinema?

Alexandre Matias

08/07/2016 21h53

chinatown

Quando falamos sobre música parece fácil assinalar os anos que mais tiveram discos clássicos: 1965, 1967, 1969, 1972, 1975, 1982, 1991 e por aí vai… Mas não dá pra falar o mesmo quando falamos sobre cinema – ao menos não há, no inconsciente coletivo, anos clássicos que reúnam produções memoráveis. Até que um usuário da rede Reddit resolveu mapear um dos inúmeros bancos de dados de notas sobre filmes para tirar algumas conclusões – e o volume escolhido foi o das resenhas do mais clássico crítico de cinema dos Estados Unidos, Roger Ebert (1942-2013).

Ebert, que faz críticas desde o final dos anos 60, designava os filmes sobre os quais escrevia com uma pontuação que ia de zero a a quatro estrelas. A partir destes dados, o usuário blametheusername comparou a quantidade de notas máximas que o crítico deu por ano desde 1967 até o ano de sua morte e 1974 reúne uma quantidade louvável de filmes que levaram quatro estrelas: a continuação de O Poderoso Chefão e o brilhante A Conversação de Francis Ford Coppola, o Amarcord de Fellini, o esquecido Alice Não Mora Mais Aqui de Scorsese, Jogando Com a Sorte de Robert Altman, Cenas de um Casamento de Ingmar Bergman, o musical épico Era uma Vez em Hollywood, as comédias Banzé no Oeste e O Jovem Frankenstein, de Mel Brooks, e o Chinatown de Roman Polanski (da foto acima). O próprio pesquisador diletante também fez um gráfico comparando as notas de Roger Ebert ano a ano.

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Roger Ebert não foi apenas um dos maiores nomes da crítica de cinema nos EUA como ajudou a consolidar o papel da crítica junto à opinião pública de seu país. Primeiro ao tratar o gênero com seriedade a partir de sua coluna no jornal Chicago Sun-Times, uma cidade distante dos holofotes da Califórnia e dos negócios de Nova York, que aos poucos se tornou uma das principais referências para uma nova geração de atores e cineastas. Ao lado de seu conterrâneo Gene Siskel, que escrevia no Chicago Tribune, ele apresentava o programa semanal At the Movies, que era responsável por consagrar ou destruir os novos filmes que chegavam ao cinema. O programa só foi interrompido após a morte de Siskel, em 1999, e a reputação de Ebert lhe acompanhou até o ano de sua morte. O documentário Life itself – A Vida de Roger Ebert, feito um ano após sua morte, detalha bem sua biografia e seu amor ao cinema.

É claro que Roger é apenas um entre muitos parâmetros para se medir a qualidade da produção cinematográfica ano a ano – e cada um vai acabar descobrindo seu ano favorito se fizer sua própria pesquisa. Qual é o seu?

Sobre o Autor

Alexandre Matias cobre cultura, comportamento e tecnologia há mais de duas décadas e sua produção está centralizada no site Trabalho Sujo (www.trabalhosujo.com.br), desde 1995 (@trabalhosujo nas rede sociais). É curador de música do Centro Cultural São Paulo e do Centro da Terra, do ciclo de debates Spotify Talks, colunista da revista Caros Amigos, e produtor da festa Noites Trabalho Sujo.

Sobre o Blog

A cultura do século 21 é muito mais ampla que a cultura pop, a vida digital ou o mercado de massas. Inclui comportamento, hypes, ciência, nostalgia e tecnologia traduzidos diariamente em livros, discos, sites, revistas, blogs, HQs, séries, filmes e programas de TV. Um lugar para discussões aprofundadas, paralelos entre diferentes áreas e velhos assuntos à tona, tudo ao mesmo tempo.

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