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E se o Pink Floyd gravasse um disco de rap?

Alexandre Matias

29/07/2015 23h21

momentary

Calma, não é um mashup nem uma recente notícia extravagante para chamar atenção em tempos de déficit de atenção global. A possibilidade do Pink Floyd incorporar elementos de hip hop em seu trabalho aconteceu há quase 30 anos, quando o grupo começou a gravar seu primeiro disco sem o baixista e fundador Roger Waters, A Momentary Lapse of Reason, que foi lançado em 1987. A notícia foi divulgada em 2013 em entrevista com o produtor inglês Bob Ezrin ao site canadense Spinner, mas foi recém descoberta graças a um post na rede social Reddit.

"Eu fiquei fascinado com o rap nos dias do Afrika Bambaataa", disse o produtor do disco ao site canadense. "Sou um early-adopter… e trouxe essa ideia quando estávamos fazendo o A Momentary Lapse of Reason, pensando que 'Cara, isso com uma batida rock seria incrível." Segundo o produtor, que também trabalhou em discos da fase clássica do grupo, como The Wall, o guitarrista David Gilmour até ouviu suas ideias, mas achou melhor não ir adiante com aquela sugestão.

Mas por mais que a ideia de Ezrin para os rumos da banda pudesse sugerir um improvável momento "Walk This Way" (música que a banda de rock Aerosmith regravou com o trio de rap Run DMC, dando origem a um subgênero que teria filhotes como os Beastie Boys, o Rage Against the Machine e todo o nu-metal) para o grupo, não custa lembrar que foi o próprio Ezrin quem sugeriu trazer elementos de disco music para o disco The Wall – e em vez de ter uma versão épica para os Bee Gees cantando "Stayin' Alive", o que se ouviu foi o primeiro single do Pink Floyd a chegar ao topo das paradas de sucesso, com a música "Another Brick in the Wall (Part II)". Outro clássico do disco, "Run Like Hell", conta com a batida da discoteca por debaixo das guitarras mais agressivas da carreira do grupo.

Infelizmente – ou felizmente – o grupo não foi adiante com a sugestão, mas dá para imaginar que a volta do Pink Floyd nos anos 80 seria completamente diferente caso fossem incorporados elementos de rap.

Sobre o Autor

Alexandre Matias cobre cultura, comportamento e tecnologia há mais de duas décadas e sua produção está centralizada no site Trabalho Sujo (www.trabalhosujo.com.br), desde 1995 (@trabalhosujo nas rede sociais). É curador de música do Centro Cultural São Paulo e do Centro da Terra, do ciclo de debates Spotify Talks, colunista da revista Caros Amigos, e produtor da festa Noites Trabalho Sujo.

Sobre o Blog

A cultura do século 21 é muito mais ampla que a cultura pop, a vida digital ou o mercado de massas. Inclui comportamento, hypes, ciência, nostalgia e tecnologia traduzidos diariamente em livros, discos, sites, revistas, blogs, HQs, séries, filmes e programas de TV. Um lugar para discussões aprofundadas, paralelos entre diferentes áreas e velhos assuntos à tona, tudo ao mesmo tempo.

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