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George Costanza conta porque sua noiva morreu em Seinfeld

Alexandre Matias

03/06/2015 19h13

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A série Seinfeld é um dos maiores clássicos da história da televisão e muitos de seus trunfos autorais já foram completamente assimilados pela linguagem da TV moderna. Um bom exemplo é a morte de Susan Biddle Ross, namorada e depois noiva do personagem vivido por Jason Alexander, o insuportável George Costanza. Interpretada pela atriz Heidi Swedberg, Susan estava quase se tornando um personagem constante na série quando ela foi sumariamente defenestrada pelos produtores, pegando todos os fãs da série de surpresa. Não que ela fosse um personagem importante ou que tivesse muitos fãs, mas sua morte nunca havia sido sequer ventilada em nenhum episódio anterior. Mortes súbitas – hoje comuns em séries como Lost, Walking Dead, Game of Thrones – não aconteciam em seriados da TV americana (a não ser quando o ator morria).

Mas há um motivo além da ousadia narrativa por trás dessa morte, que foi revelado nesta quarta-feira pelo ator Jason Alexander no programa de entrevistas do radialista norte-americano Howard Stern, que levantou um rumor que dizia que a personagem havia morrido porque Jason não suportava a atriz. Jason explicou melhor no programa de rádio:

"O preâmbulo disso é que a atriz é uma garota maravilhosa, miss Swedberg, eu a amo, ela uma garota incrível. Mas eu não conseguia descobrir como atuar com ela. Os instintos dela pra fazer uma cena e os meus estavam sempre desencontrando. Ela fazia algo e eu pensava 'entendi o que ela está fazendo, irei me ajustar a ela' e aí ela mudava. Eu fiz três episódios com ela e Larry (David, produtor do seriado) me chama e diz: 'boas notícias. Eu tenho uma grande história pra você nessa temporada, você vai ficar noivo!' E eu 'que ótimo, vou ficar noivo de quem?' E ele: 'Susan' E eu: 'Ótimo e quem vai fazer o papel do George?'

Mas ele disse que o que a Heidi havia trazido para o personagem é que nós poderíamos fazer as coisas mais horríveis com ela, então ele estava do meu lado. Não é que ela fosse uma personagem nojenta, mas ela não se encaixava. E sempre no final do episódio, nós nos reuníamos – nós quatro (Jerry, Jason, Julia Louise-Dreyfus que fazia Elaine e Michael Richards que fazia o Kramer) e o Larry – e eu vivia dizendo: 'Caras, vocês vão me matar, vocês não estão entendendo, eu não sei como lidar com essa garota! Não está funcionando!' e todos diziam que estava ótimo e tal. Mas eu era o único ator que estava fazendo as cenas com ela! E eles não sabiam como a temporada iria acabar, se o George ia se casar, se ele ia deixá-la, ninguém sabia. Finalmente houve um episódio em que Elaine e Jerry tiveram muitas cenas com ela e depois do episódio da semana, quando fomos ao restaurante, eles disseram: 'Quer saber? É impossível!' E foi Julia quem disse: 'Já sei, porque a gente não a mata?' E o Larry disse: 'É isso, agora temos que matá-la!'

Abaixo o áudio com o trecho da entrevista em que Jason comenta essa situação:

Sobre o Autor

Alexandre Matias cobre cultura, comportamento e tecnologia há mais de duas décadas e sua produção está centralizada no site Trabalho Sujo (www.trabalhosujo.com.br), desde 1995 (@trabalhosujo nas rede sociais). É curador de música do Centro Cultural São Paulo e do Centro da Terra, do ciclo de debates Spotify Talks, colunista da revista Caros Amigos, e produtor da festa Noites Trabalho Sujo.

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A cultura do século 21 é muito mais ampla que a cultura pop, a vida digital ou o mercado de massas. Inclui comportamento, hypes, ciência, nostalgia e tecnologia traduzidos diariamente em livros, discos, sites, revistas, blogs, HQs, séries, filmes e programas de TV. Um lugar para discussões aprofundadas, paralelos entre diferentes áreas e velhos assuntos à tona, tudo ao mesmo tempo.

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